Ambiente

Um incentivo e teste à devolução de embalagens
Bebidas+Circulares

Uma das mais recentes foi o projeto piloto Bebidas+Circulares, que teve como objetivo incentivar os cidadãos do concelho de Lisboa a devolverem garrafas de plástico PET e de vidro e latas não reutilizáveis de bebidas, para que o material recolhido seja reciclado e incorporado como matéria-prima na produção de novas embalagens de bebidas.

Em dois anos, este projeto contribuiu para a recolha de mais de 3,7 milhões de embalagens de bebidas em plástico PET, latas de metal e garrafas de vidro, a que correspondem mais de 240 toneladas de materiais encaminhados para reciclagem. Por dia, foram recolhidas, em média, mais de 400 embalagens por dia em cada máquina. O projeto contou com a parceria da Câmara Municipal de Lisboa na recolha e encaminhamento das embalagens de bebidas.

Devolução de embalagens de bebidas em plástico não reutilizáveis “Quando do velho se faz novo”

No contexto do projeto-piloto para devolução das embalagens de bebidas em plástico (PET), que a PROBEB coliderou em consórcio com a APIAM e a APED

“Quando do velho se faz novo”

Considerado um dos mais importantes passos de teste para a implementação do Sistema de Depósito e Reembolso (SDR), o projeto-piloto “Quando do Velho se Faz Novo” abrangeu a colocação de um conjunto de 23 máquinas de recolha automática instaladas em grandes superfícies comerciais, localizadas em Portugal Continental.

Foi gerido por um consórcio constituído pela Associação Águas Minerais e de Nascente de Portugal, pela PROBEB e pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED). Teve como objetivo incentivar os cidadãos a adotarem comportamentos sustentáveis para que o material recolhido seja reciclado e incorporado como matéria-prima na produção de novas garrafas.

Entre os dias 13 de março de 2020 e 31 de dezembro de 2022, foram entregues mais de 18,8 milhões de garrafas de bebidas de plástico nas 23 máquinas de recolha automática. Com essas garrafas foi possível reciclar 531 toneladas de plástico PET para produzir material reciclado de elevada qualidade destinado à produção de novas garrafas de bebidas, com o objetivo de promover a sustentabilidade ambiental através de uma economia mais circular.

Sistemas de Depósito e Reembolso - SDR

Os Sistemas de Depósito e Reembolso (SDR) fazem parte da solução para contribuir para o objetivo de atingir a ambicionada meta para que todas as embalagens sejam reutilizáveis ou recicláveis até 2030. Para além disso, a Diretiva da UE sobre plásticos de uso único impõe taxas mínimas de recolha para garrafas de bebidas em plástico de 25% até 2025 e de 90% até 2029 e um mínimo de incorporação de 25% de plástico reciclado em garrafas PET a partir de 2025 e de 30% a partir de 2030, em todas as garrafas para bebidas.

O setor das Bebidas Refrescantes Não Alcoólicas, enquanto membro fundador da associação SDR Portugal, já investiu vários milhões de euros para tornar este sistema uma realidade em Portugal. O Sistema de Depósito e Reembolso irá permitir reciclar ainda mais e melhor os muitos milhões de embalagens de bebidas não reutilizáveis.

O modelo da SDR Portugal está apoiado na atribuição de incentivos económicos para que o consumidor devolva as embalagens de bebidas não reutilizáveis. Dessa forma todo o circuito beneficia, ou seja, do consumidor ao reciclador, tornando este sistema numa verdadeira solução de Economia Circular. O Sistema de Depósito e Reembolso mudará o paradigma da embalagem, uma vez que essas passarão a ser encaradas como matéria-prima e não como resíduo.

Os projetos-piloto já antes apontados são um exemplo prático de como a indústria se preparou e deu um passo em frente para chegar a uma solução que feche o circuito da embalagem. Atualmente, a indústria está preparada e aguarda apenas que a regulamentação nacional permita avançar com a implementação de um sistema nacional de depósito e reembolso de embalagens de bebidas não reutilizáveis.

Os 9 países europeus com SDR implementado para o PET e LATAS apresentam Taxas de Reciclagem na ordem dos 90%. Convém salientar que nenhum outro sistema de recolha se aproxima destes resultados. Portugal não foi exceção nos testes piloto efetuados. Para além dos níveis de recolha, fornecem material reciclado de alta qualidade uma vez que circulam num fluxo único limpo.

Compromissos e boas práticas

Esta indústria tem assumido ao longo do seu percurso um número bastante elevado de compromissos, que posteriormente se estabelecem como boas práticas gerais. Seria massivo e demasiado extenso enumerá-los a todos, mas da reformulação e criação novos produtos, passando pela redução de açúcar ou pela transformação notável em termos de soluções de embalagem e reciclabilidade, o setor viveu e continuará a testemunhar profundas transformações.

Embalagens mais conscientes e funcionais

A embalagem, enquanto elemento crucial para a conservação e transportabilidade do produto, também sofreu mudanças dramáticas nos últimos anos. Como não poderia deixar de ser, este setor esteve sempre na vanguarda da reformulação e transformação dos vários tipos de embalagem e materiais que a constituem.

PET

As embalagens de PET (polietileno tereftalato) usadas nesta indústria são 100% recicláveis e em média o peso de uma garrafa de bebida de PET foi reduzido em mais de 50% ao longo dos últimos 10 anos.

Como material de embalagem, o PET reduz para metade a quantidade de energia utilizada pelo transporte na cadeia de alimentos. Reduzir o peso das embalagens, preservando a qualidades dos ingredientes e conveniência do utilizador, é um desafio constante desta indústria.

Vidro

O peso das garrafas de vidro é altamente dependente da utilização ou reutilização das mesmas. As garrafas reutilizáveis têm de ser resistentes a múltiplas viagens, precisando ser mais robustas e pesadas.

A inovação tecnológica e os novos designs criativos de garrafas de vidro não reutilizáveis, permitiram a esta indústria reduzir, nos últimos anos, o peso das garrafas de vidro de 330ml em 20%, passando a pesar 210 gramas.

Metal

A inovação de materiais metálicos tornou possível a produção de latas de bebidas com uma espessura de 0,097 milímetros - tão fino como um cabelo humano. Uma lata de aço de 330ml pode agora pesar apenas 21 gramas, sendo que uma lata de alumínio pode pesar apenas 10 gramas.

Assim, esta indústria é agora capaz de produzir em média cerca de três vezes mais latas com a mesma quantidade de material primário do que acontecia há 30 anos.

Recuperação e reciclagem

A maioria das embalagens de bebidas não alcoólicas já são atualmente reutilizáveis ou recicláveis, sejam elas de PET, vidro, metal ou cartão.

A indústria de bebidas refrescantes não-alcoólicas está envolvida no estabelecimento e liderança de sistemas de recolha e reciclagem em toda a Europa e empenhada no incentivo à recolha, valorização e reciclagem de embalagens.

Todas as embalagens de bebidas refrescantes não alcoólicas utilizam, em quantidades variadas, um mínimo de 25% de material reciclado. As garrafas de vidro normalmente incluem entre 20% e 60% de material reciclado, enquanto as latas de aço e alumínio contêm entre 40% e 60%.

Dependendo da disponibilidade local e das infraestruturas, as garrafas PET para uso geral podem incluir até 50% de material reciclado e há exemplos específicos de embalagens para bebidas não gaseificadas, onde pode ser utilizado 100% de material reciclado.

O próximo passo é a tão desejada implementação do Sistema de Depósito e Reembolso (SDR), para a qual a indústria está totalmente preparada e aguarda legislação por parte do governo e autoridades competentes.

O papel do consumidor

EO consumidor representa para este setor o mais importante stakeholder em toda a cadeia de valor. É para ele que as empresas e marcas que integram a PROBEB trabalham diária e arduamente em novas soluções, sejam essas para melhorar o produto, inovar nas categorias, respeitar o Ambiente ou apenas proporcionar momentos de hidratação apreciada e saudável.

Desde o início do Sec. XXI que a transformação atingiu níveis sem precedentes nesta indústria. Esse longo e frutífero processo culminou, por exemplo, em informação mais transparente ao consumidor (VDR – Valores Dietéticos de Referência), que permitiu às pessoas interpretarem de forma acessível os ingredientes nas suas bebidas.

Materializou-se também através do desenho de novas embalagens, mais práticas, mais leves ou mais eco conscientes, que podem e devem ser encaminhadas corretamente para os locais que garantem a sua valorização, seja como matéria-prima ou resíduo reciclável.

Ainda nos exemplos que resultaram da transformação levada a cabo nos últimos 20 anos, não pode deixar de ser mencionada a enorme reformulação de produtos que levou, em média, à redução de 50% de açúcar nas bebidas não alcoólicas refrescantes.

Toda esta contínua inovação apenas é viável porque o consumidor merece mais e melhores soluções, que se adaptem continuamente às exigências contemporâneas, sejam essas ao nível da saúde, ambiente ou tendências de gosto e sabores.

A PROBEB, tendo consciência da exigência e do importante papel do consumidor, espera que todos os atores na cadeia de valor façam uso da tecnologia e infra-estruturas colocadas ao dispor. Só assim existirá virtuosidade entre as soluções e a sua aplicabilidade. Apenas com todos os elos ligados será possível continuar a inovar de acordo com elevadíssimos padrões de qualidade e respeito pelo Ambiente.